19 dezembro, 2011

Melancolia

Hoje estou pensando em tantas coisas. Pensando em minha profissão, a difícil escolha entre atuar com excelência ou fazer o comum, agradando mais do que desagradando.
Quando foi que fazer o errado, ou o que é esperado, tornou-se a melhor opção? Meu Deus, porque as pessoas se contentam com a pior parte?

Um aluno me disse, ao final do período:
- Professora, gostaria de lhe dar um feedback sobre sua disciplina.
- Ótimo, por favor, fale.
- Professora, eu queria te dizer para não desanimar. Para você continuar fazendo as coisas do jeito que acredita, mesmo quando os alunos te decepcionarem. Não mude, insista. Mesmo com o passar dos anos.
- Obrigada (querendo chorar).

Essa turma foi de fato um grande desafio. Me extinguia todas as forças e recursos. Pouco envolvimento dos alunos. A disciplina não ajudava. E o tempo todo eu me esforçava, queria tanto fazer o melhor. Mas o melhor nem sempre agrada. Essa foi a lição que me marcou.

Triste ver que ao optar por fazer o melhor você gera mais inimizades do que amizade. E eu me esforço tanto, perco noite, me preocupo. E fico angustiada. E as pessoas me dizem, "deixa para lá, não faça questão", mas eu continuo sofrendo, porque saber que as pessoas falam mal, reclamam dá aquela sensação de fracasso.

Eu sei que tenho esse problema, quero agradar, quero fazer com que as pessoas compreendam, se interessem, e no fundo, que gostem de mim. E ao tentar fazer o melhor, acabo errando?!?! Seria errar a palavra? Seria exagerar? Seria o quê?

Eu ainda não sei a medida, não sei o caminho. E hoje ao saber que uma aluna ficou com raiva por conta de minhas correções em seu trabalho fiquei tão, tão desanimada. Tão chateada. Tão triste. Será que tenho que praticar o desapego? Fiz esperando contribuir. Será que não fui compreendida ou fui exagerada? Eu, sinceramente não sei.

Aproveitei que estava casa, sentei na varanda, estava fresco e comi um pedaço de mamão enquanto refletia sobre tudo isso. Abri a Bíblia, desanimada:

" Sonda-me o Deus
E conhece o meu coração,
prova-me, e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo te ofende
e dirige-me pelo caminho eterno." (Sl 139:23-24)

Isso poderia ser mais apropriado? Fico ainda impactada pela forma como Ele se expressa comigo.

É Ele quem pode me ajudar a discernir essas questões. A minha oração hoje é essa, que eu possa ser provada, e se em minha conduta algo deve ser mudado, que Ele me mostre e que eu tenha forças de mudar. Não quero ser, para os meus alunos um peso, uma confusão, mas quero ser capaz de conduzir, de orientar, de caminhar ao lado. Não preciso de status, não preciso de poder, preciso sim de ser capaz de construir pontes.

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